Passados mais de trinta séculos,
o invicto povo helénico sofre agora as represálias da destruição da cidade de
Eneias. Não há agora entranhas equestres, nem mil artimanhas odisseicas que
salvem aquele país duma verdadeira tragédia à sua maneira clássica.
Também os filhos de Luso estão
agora sob fogo da Troi(k)a! A que se deverá? Talvez se deva ao engenhoso
Ulisses, que terá fundado a nossa urbe Ulissiponense, depois de ter contribuído
para a destruição de Troia. Além disso, também ele suportou, durante anos, a
fúria de Neptuno, enfrentando os obstáculos do mar, que o povo lusitano repetiu
há cinco séculos atrás. Aquele herói enfrentaria hoje, não Cila e Caríbdis, não
Polifemo ou qualquer tipo de feiticeira Circe, não o cão guardião do Hades, mas
outros monstros mais poderosos como o novo cerberus de três cabeças
(FMI, BCE e CE), o atual grifo ou centauro “Merkosy”, o Polidéfice, o
Jardinguém e outros tantos circicranos, que transformam o comum dos
“marinheiros”, não em porcos, mas em “bananas”… No entanto, aquele herói
homérico enfrentaria também grandes tempestades… Não necessitaria de consultar
oráculos acerca do destino deste país, pois todos veem naufrágios certos,
causados por ninfas governativas, que nos “comerão” e afundarão, quer oiçamos o
seu pérfido canto, ou o coloquemos a um canto.
As terras romanas,
fundadas pela geração de Eneias, também já estão a ferro e fogo do Cerberus
atual; esse protagonista da Eneida fugiu da Troia que foi destruída
pelos gregos; agora a nova Troi(k)a vem destruir, não só os gregos e latinos,
mas também todos os que beberam “a água do Parnaso”, isto é, todos os que se
inspiraram na poesia e cultura desse país onde está situado esse monte. É
irónico vermos o berço da democracia, da cultura e da civilização ser atacado
com tanto desdém.
Como é que
esta história acaba? Uns dirão que andaremos mais uns anos como Ulisses a
navegar sem rumo certo, outros continuarão a culpabilizar a ninfa Calípsocras,
outros ainda auguram que está para chegar uma nova perestroika, outros,
por fim, acham que o salvador será D. Sebastião, “quer venha, ou não”…
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