Côm a êntráda âim vigôr du nôvu acôrdu ortugráficu, ábresse máis huma caicha de Pandóra. (Sem acordo algum, todos conseguiram compreender, sem dificuldade, a frase anterior).

Se foi para aproximar a ortografia da oralidade, por que é que não passamos a escrever todas as palavras terminadas em “o” (átono) com um “u”, que é exactamente aquilo que pronunciamos?! (carro > carru; menino > meninu; copu > copu; tudo > tudu…) Por que é que não substituímos também, por exemplo, as palavras “venho”, “tenho”, “lenha” por “vanho”, “tanho”, “lanha”? E já agora, se é para caírem as consoantes mudas, caia o “h” também! Simplifiquemos (ou compliquemos) até à loucura!
Fernando Pessoa dizia também que “A minha pátria é a língua portuguesa”; ao alterarmos a língua de Pessoa e de Camões, estamos a mudar a nossa pátria (nos tempos que correm, não é coisa que não tivéssemos pensado já!) Como não somos nós que mandamos, resta-nos fazer o que se fazia na antiga Roma; quando ninguém podia fazer mais nada, restava-lhe a opção de protestar ou vaiar a metrópole: «Quem tem boca vaia Roma!»
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