sexta-feira, 21 de maio de 2010

Afim do Latim?


Dizia um velho professor de Latim: «O latim é como os xaropes antigos: amargos, mas curam». Maior amargura é abandonarmos uma herança linguística e cultural da qual beberam, entre muitos outros, Camões, Fernando Pessoa, Vergílio Ferreira. Na verdade, temos vindo a esquecer as origens da nossa cultura. Vejamos alguns exemplos: Natal significa “Nascimento” (cf. Taxa de natalidade; terra natal); Carnaval (carnem vale) significa “adeus à carne”, pois entra-se num período de abstinência quaresmal; estas celebrações passaram a ser invadidas pelo barrete da Lapónia e o samba do Brasil, para não falar do coelhinho da Páscoa, que até põe ovinhos de chocolate; a palavra Magister, que significa “mestre”, “chefe”, “professor”, forma-se com o advérbio magis (mais) e a palavra Minister, que significa “ministro”, “conselheiro”, “servente”, forma-se com o advérbio minus (menos); ou seja, o professor era alguém que chefiava e o ministro alguém que servia; veja-se o que acontece hoje...
Já desde o antigo direito romano se fazia o habeas corpus (toma o teu corpo), para se restituir a liberdade a alguém que tivesse sido detido ilegalmente: dura lex, sed lex (a lei é dura, mas é lei). Hoje em dia nem a vox populi (voz do povo) consegue absolver tantos "inocentes"... na nossa Rem Publicam. Valha-nos ao menos o significado da palavra “Misericórdia”, que se formou a partir das palavras miser (miséria; miserável) e cor, cordis (coração); representa, então, um sentimento de compadecimento, colocando nos nossos corações a miséria dos outros.
Em Portugal muita coisa está mal. No entanto, continuamos a alimentar-nos de pão e circo (panem et circenses) à maneira romana, mas também é preciso, porque mens sana in corpore sanum (Mente sã num corpo são).

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