quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Píramo e Tisbe – o mito que inspirou Shakespeare e Camilo

 «Píramo e Tisbe» é uma história da mitologia romana contada por Ovídio, no séc. I. a.C., nas Metamorfoses, Livro IV. Fala-nos duma história de amor entre dois jovens vizinhos e apaixonados. Pertenciam a famílias ricas e rivais que impediam a todo o custo a aproximação entre os enamorados. Estes dois corações cativos encontraram uma fresta numa parede que separava as suas casas. Por aí foram trocando palavras e silêncios. Tão próximos e ao mesmo tempo tão afastados. Quanto mais as famílias proibiam a sua relação, mais crescia o amor entre ambos.

Decididos a lutar por essa paixão e a enfrentar a prepotência e chantagem das suas famílias, decidiram encontrar-se às escondidas, junto a uma amoreira branca. Tisbe chegou primeiro ao lugar combinado. Entretanto, ao ver uma leoa a beber numa fonte ali próxima, foge e deixa cair o véu que lhe cobria o rosto. A leoa aproxima-se do véu e despedaça-o com os dentes ainda ensanguentados duma presa que devorara momentos antes. Quando Píramo chega ao local, estranha não ver a sua amada e procura-a. Olhando para o chão, vê o seu véu com marcas de sangue e depreende de imediato que fora morta por uma fera, enquanto este não chegara. Fora o seu atraso que a matara! Sentiu uma dor tão forte ao pensar na morte dela que desembainhou a sua espada e perfurou o seu próprio coração. Passado algum tempo, Tisbe, que se escondera nas imediações, aproximou-se da fonte e vê Píramo inerte. Desolada por ver o futuro de ambos esvair-se naquele manto de sangue, pega na mesma espada e trespassa-se também.

Diz-se que o sangue derramado destes dois amantes aos pés da amoreira terá mudado a cor dos seus frutos, dando-lhes a cor vermelha. Há quem diga que algumas se tornaram mesmo negras em homenagem e luto a esta gémea morte.

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